9 milhões de brasileiros com diabetes sofrem amputações

O último levantamento realizado pela Pesquisa Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde em parceria com o IBGE, aponta que 9 milhões de brasileiros estão com diabetes, cerca de 6% da população, e destes, 25% vai sofrer com pelo menos uma úlcera no pé durante a vida. Dados preocupantes, já que uma das principais complicações causadas pelo diabetes mal controlado são as amputações decorrentes das úlceras nos pés.

Segundo Antônio Rangel, enfermeiro estomaterapeuta e assessor da Vuelo Pharma,  esse desfecho trágico de amputações nos pés se dá principalmente pelas alterações neuropáticas (doenças dos nervos dos pés) e pela doença vascular periférica, ambas causas do “pé diabético”.

O diabetes sob controle não costuma trazer complicações, mas é importante a avaliação diária dos pés para verificar se existem lesões, ressecamentos, calos e calosidades. Caso aconteça a perda de sensibilidade, dores tipo fisgadas, pontadas, alterações dos dedos como os "dedos em garra", o paciente deve procurar a avaliação de um especialista.

“Geralmente quando o paciente tem mais de 10 anos de diagnóstico de diabetes é preciso redobrar a atenção e passar por um controle mais rígido e constante. O paciente pode apresentar sintomas como dores, agulhadas, alterações no formato do pé, dedos em garra, o aumento ou diminuição na proeminência do arco frontal, ressecamento e perda de sensibilidade”, conta Antônio Rangel.

De acordo com o especialista, é essencial que o diabético tenha o hábito de cuidar do pé, de verificar as unhas, de ficar atento à hidratação da pele e usar apenas meias de algodão e sapatos confortáveis com solado rígido e de um material de boa qualidade.

Diabetes sem controle

Quando o diabetes não é controlado o paciente pode sofrer de neuropatia diabética, que pode ser motora, sensitiva ou autonômica. A Neuropatia sensitiva leva à perda da sensibilidade nos pés. Nesses casos, o diabético pode acabar machucando os pés (em uma pedra ou sapato apertado, por exemplo) e não perceber que uma lesão se abriu. Em pouco tempo a ferida pode evoluir, aumentando de tamanho e dificultando a cicatrização.

A neuropatia motora modifica a biomecânica do pé e provoca alterações ósseas e articulares, favorecendo o aumento dos pontos de pressão nos pés quando a pessoa caminha. Ao longo do tempo, começam a se formar calosidades que, se não forem cuidadas, rompem a pele e se tornam feridas crônicas, estabelecendo uma porta de entrada para bactérias, fungos e vírus.

Já a neuropatia autonômica ocasiona a falta ou diminuição do estímulo das glândulas sudoríparas ou sebáceas, ressecando a pele e favorecendo rachaduras que também são porta de entrada para infecções e complicações, aumentando o risco de amputações.  

“O pé diabético é perigoso e pode atingir pacientes de qualquer idade. É pouco comum que aconteça na mesma gravidade nos dois pés, mas pode, sim, acontecer ao mesmo tempo nos dois membros. Também, de forma mais rara, podem ocorrer manifestações nas mãos”, explica o especialista.

Tratamento

O tratamento é complexo e o acompanhamento de médico ou enfermeiro é essencial, uma vez que o risco de amputação é eminente. "Os pacientes já encontram no mercado produtos tecnológicos que ajudam a evitar procedimentos mais invasivos, como o curativo a base de celulose chamado Membracel. Ele trata as lesões, acelera a cicatrização e diminui os riscos de infecção. Mesmo nos casos de amputação, em que a ferida do procedimento fica aberta, o curativo contribui para a melhor cicatrização, evitando agravar e gerar complicações que podem levar a novas amputações”, diz.

Para o enfermeiro, o melhor tratamento é o acompanhamento mensal do paciente, com visitas frequentes a um especialista. “O diabético precisa olhar o próprio pé diariamente e monitorar qualquer alteração. Além disso, a ida mensal ao médico é essencial para manter a doença controlada”, finaliza Rangel.