Mais nova queridinha dos turistas, Islândia exige cuidados
Três anos antes do início da pandemia, a Islândia havia batido um recorde, ao receber um número de visitantes estrangeiros maior que sua própria população. Agora, passada a pandemia, a procura por esse pequeno país, localizado entre Groenlândia e Noruega, volta a subir, especialmente por turistas interessados em ver o fenômeno das auroras boreais.
Neste mês de março, por exemplo, a autoridade de Turismo do Porto e Norte de Portugal anunciou para abril o novo voo da cidade portuguesa do Porto a Reykjavik, capital da Islândia. Além das auroras boreais, da culinária exótica e das paisagens incríveis, são muitos os fatores que atraem turistas à Islândia. Desde 2008 o país é considerado, por exemplo, o mais seguro do mundo pelo Global Peace Index (Índice Global de Paz).
“A produção audiovisual islandesas cresceu muito nos últimos anos e também colocou o público estrangeiro ainda mais em contato com séries como Trapped, Katla e O Assassino de Valhalla, que mostram a inóspitas e curiosas paisagens do país”, conta Marco Brotto, CEO da Aurora Boreal Viagens, operadora especializada em Ártico a caçadas às auroras boreais.
Porém, Brotto alerta: a Islândia pode ser o país mais seguro do mundo em termos de segurança pública, social e geopolítica. Mas não é tão seguro assim para turistas que saem sozinhos em busca de aventura e auroras boreais. “São incontáveis os relatos de sustos e medo nas estradas escorregadias e com a instabilidade climática”, resume ele.
Nenhuma aurora e muito medo
A chef de cozinha Jê Lacerda, que mora em Brasília, é uma viajante bastante experiente. Já esteve em 48 países e adora compartilhar com seus mais de 40 mil seguidores as experiências culturais e gastronômicas que encontra pelo caminho.
Porém, ao visitar a Islândia, viveu uma outra experiência única, que não repetiria mais. “Em 2021, estive no país, numa viagem com meu marido, e alugamos um carro para percorrer o Golden Circle, uma rota circular que começa e termina em Reykjavik”, inicia ela.
“Alugamos um carro grande, o clima estava ótimo, era novembro. Os dois primeiros dias foram tranquilos, até chegarmos à costa de Vìck. Ali, o vento aumentou muito, as estradas eram muito estreitas e a sinalização desafiadora para quem não é da região”, relata ela.
A chef conta que um dos grandes desafios era entender quando cada estrada estaria aberta ou fechada, porque isso varia de acordo com o clima. “E as estradas são muito vazias, em regiões ermas”.
Subindo mais ao Norte, Jê deparou-se com uma intensidade inesperada de neve, instabilidade na direção do carro, medo de o veículo deslizar. “Há abismos em várias partes da viagem, tive alguns momentos de pavor. Chegamos a ver carros perdendo o controle na nossa frente”.
O estresse e o cansaço desse deslocamento difícil fizeram com que ela não saísse em busca da aurora boreal, que era um dos objetivos da viagem. “Em um dado momento, nosso carro ficou atolado na areia. Um custo enorme para tirá-lo de lá. No final das contas começamos a ter medo de circular com o carro atrás da aurora e não vimos nenhuma, infelizmente”.
Se pudesse voltar à Islândia, Jê conta que não faria novamente a viagem sozinha. “Hoje existem muitas formas de fazer essa viagem com toda segurança, orientação e condução, aproveitando o que a Islândia tem de mais incrível. E com melhor aproveitamento e chances de visualizar a aurora boreal”, explica Brotto, que já se prepara para a próxima temporada de caçadas, a partir de agosto.